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REFLEXÃO ESOTÉRICA DO MITO: APÓLO & DAFNE



Caríssimos.


O mito de Apolo e Dafne nos banham com profundos conhecimentos iniciáticos, entre eles destacamos o amor como uma poderosa energia que pode divinizar ou escravizar.


Vejamos o mito e depois expressaremos a nossa singela interpretação.


A bela Dafne foi o primeiro amor de Apolo, porém isto não ocorreu por acaso, mas pela vingança do Cupido, filho de Vênus.


Quando Apolo viu o menino Cupido brincando com seu arco e flechas, arco que ele (Apolo) havia utilizado para vencer Píton, Apolo disse-lhe:

- “Que tens a fazer com minhas armas, menino insolente? Deixe-as para as mãos de quem delas sejam dignos. Veja a vitória que com elas alcancei, contra aquela poderosa serpente com seu corpo venenoso! Contenta-te com tua tocha, criança, e atiça tua chama, como costumas fazer, mas não te atrevas a intrometer-te com as minhas armas.

O filho de Vênus ouviu essas palavras e retrucou vingativo:

- “Tuas flechas podem até serem poderosas Apolo, mas as minhas podem ferir-te e torná-lo mortal.”

Assim dizendo, Cupido pôs-se de pé numa rocha e atirou duas flechas diferentes, uma para despertar o amor e a outra para afastá-lo.


(quando cupido se coloca de pé sobre à rocha para atirar as flechas, essa singela ocorrência pode simbolizar claramente que a paixão domina a matéria)


A primeira atingiu o deus Apolo e a segunda atingiu a ninfa Dafne, filha do deus dos rios, Peneu.


Sem demora, o deus Apolo se apaixonou pela donzela, porém ela sentiu horror à ideia de amar Apolo.


Temendo ser desposada por Apolo, Dafne abraçou seu pai, implorando:

- "Concede esta graça, pai querido! Faze com que eu não seja despojada jamais!"

Apolo estava apaixonado e lutou para obtê-la, passando a correr incansavelmente atrás dela pelos bosques.


- “Pára, oh filha de Peneu! – (exclamou Apolo). Eu não sou teu inimigo. Não fujas de mim, como a ovelha foge do lobo. É por amor que te persigo. Sofro de medo que, por minha culpa, caias e te machuques nestas pedras. Não corras tão depressa, peço-te, e eu correrei também mais devagar. Não sou um homem rude, um campônio boçal. Júpiter é meu pai, sou Deus de Delfos e Tenedos e conheço todas as coisas, presentes e futuras. Sou o deus do canto e da lira. Minhas setas voam certeiras para o alvo. Mas, ah!, uma seta mais fatal que as minhas atravessou-me o coração! Sou o deus da medicina e conheço a virtude de todas as plantas medicinais. Ah! sofro de paixão, uma enfermidade que bálsamo algum pode curar!” A ninfa continuou sua fuga, mas mesmo fugindo, Apolo estava cego de paixão.


Apolo era como um cão perseguindo uma lebre, com a boca aberta e sedenta, pronto para apanhá-la, mas Dafne, como um animal em fuga, sempre avançava, escapando no último momento.


Porém Apolo era mais rápido e se adianta na carreira. A sua respiração ofegante já atinge os cabelos da ninfa. As forças de Dafne começam a fraquejar e, prestes a cair, ela invoca seu pai, o deus dos rios:

- “Ajuda-me, Peneu! Abre a terra para envolver-me, ou muda minhas formas, que me têm sido fatais!”

Mal pronunciara essas palavras, Apolo consegue agarra-la, porém um torpor ganha todos os membros de Dafne. O seu peito começou a revestir-se de uma leve casca; seus cabelos transformaram-se em folhas; seus braços mudam-se em galhos; os pés cravam-se no chão, como raízes; seu rosto tornou-se o cimo do arbusto, nada conservando do que fora, a não ser a beleza.

Apolo se abraçou aos ramos da árvore e beijou apaixonadamente a madeira, mas os ramos afastaram-se dos seus lábios.

Então, diante a vitória de alcançá-la, mas não tendo conseguido desposá-la, Apolo exclama:


“Já que não podes ser minha esposa, serás minha árvore preferida. Usarei as tuas folhas como a minha coroa, símbolo da vitória. E quando os grandes guerreiros caminharem para a Capital, diante à frente dos cortejos triunfais, serás usada como coroas para suas frontes. E, tão eternamente jovem quanto eu próprio, também hás de ser sempre verde e tuas folhas não envelhecerão.”


A transformação de Dafne em árvore representa uma resistência aos avanços sexuais masculinos, sendo a mulher a principal responsável para evitar que o homem chegue ao clímax, derramando o caduceu de Hermes. Quando Dafne, esgotada de tanto escapar de Apolo, suplica ao seu pai por ajuda, ela pede para que seu pai Peneu, segundo o relato de Ovídio, “destrua a beleza que me faz ser demasiadamente sedutora”. Uma árvore, certamente, teria o efeito de parar a libido de Apolo. Eis o motivo de a mulher ser na tradição Judaico-Cristã a responsável pela queda do homem.


Observamos neste mito que as flechas do deus Apolo (virtude espiritual – poder da vontade no homem) podem vencer tudo e todos os inimigos, inclusive o Ego (Piton), mas as flechas da paixão são capazes de tornar um deus imortal em homem mortal. Não foi isso que ocorreu com Adam, após comer a maçã oferecida por Hevah???


Como símbolo da sua vitória em alcançar o seu objetivo e não ter sucumbido ou degenerado ao gozo da paixão, tornando-se homem mortal (mesmo que por forças alheias à sua vontade), Apolo fez do Louro Verde o símbolo da vitória dos heróis, cujas histórias são lembradas por toda a eternidade.


E não seriam os Louros Verdes (símbolo da vitória que entra para eternidade) iguais a Verde Acácia (símbolo da imortalidade da alma)???


Desejo-lhes boa jornada peregrinos.


Pax et Lux


FR+ Irmão Leigo

 
 
 

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